Saúde

COVID 19: Mais 1.500 mortes podem ser causadas por Natal sem restrições

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto alertaram, na última reunião no Infarmed, para a estimativa que cerca de 20 mil portugueses poderão estar infetados durante a época natalícia, a maioria sem o saber por estarem assintomáticos, não terem ainda desenvolvido sintomas ou estes serem ligeiros.

Henrique Oliveira, vice-presidente do departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico, que tem calculado a evolução da epidemia, está preocupado com o impacto do alívio das regras no período festivo. Além do aumento de óbitos, prevê-se que o número real de casos seja duas a três vezes superior ao número de casos ativos oficiais, isto é, testados nos laboratórios.

Foram feitos cálculos de contágio que estimam que dentro do mesmo agregado familiar, se uma pessoa estiver infetada a probabilidade de contágio é de 23%, o que significa que, numa família de cinco pessoas a viver na mesma casa, uma vai infetar mais outra; se a família for de 10 pessoas, o infecioso passará o vírus a duas

Se em cada família o risco é pequeno, multiplicar por milhares de reuniões familiares corresponde à ocorrência de muitas infeções”, avisou Henrique de Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde.

O contágio “silencioso”, ou seja, transmitido por pessoas assintomáticas ou que ainda não tenham manifestado sintomas, é o que torna este vírus mais dificil de controlar, principalmente numa altura em que os contactos vão inevitavelmente ser mais do que os habituais, o impacto na subida de novos casos e mortes em consequência do Natal é uma certeza.

Estamos a tentar debelar o fogo e estamos a conseguir. Mas é como se durante aqueles dois dias baixássemos a guarda e até atirássemos alguma gasolina. E depois no dia 27 vamos tentar apagar o fogo outra vez”, alerta ainda Henrique Oliveira. Neste sentido, o matemático considera fundamental que as pessoas se protejam para “minimizar os riscos e reduzir as mortes”.