Opinião

Passámos a ser um número, um IP de computador

Estou a escrever mais uma crónica que irá para o Facebook do jornal “O Ericeira”, para o seu site e para quem a ele aceda. Para além de saber a minha opinião publicada diariamente no último ano, terá acesso através da minha identificação no final de cada artigo, à minha página pessoal e pública do Facebook, aos meus dados biográficos públicos, a um diário escrito da minha vida nos últimos dez anos, ou seja, com quem no Facebook, vou trocando informações, com quem vou conversando, os amigos reais e virtuais que tenho, poderá traçar um perfil completo dos meus gostos, das minhas opiniões, das minhas tendências políticas, enfim, de praticamente toda a minha vida.

Se para além do Facebook, clicar no meu nome e postar no Google, poderá complementar o muito do que já sabe, com tudo o que publicamente fui escrevendo quer nos livros que escrevi e publiquei quer na impressa nacional, quer na Revista Militar quer nos jornais regionais do Algarve, bem como pode aceder a dados pessoais através do Diário da República ou do Ministério da Defesa, entre muitas outras informações.

Como acedo às redes e ao Google do meu telemóvel, qualquer Hacker ou qualquer empresa com acesso ao meu IP consegue constantemente saber onde me encontro, o que pesquiso, e imediatamente enviarem-me sugestões de compra de objetos e coisas semelhantes às que acabei de pesquisar, enfim, conseguem inclusive saber o que compro, como pago etc, etc, etc.

Como eu, quase toda a gente tem a sua vida constantemente devassada, pois ao utilizarmos as novas tecnologias o nosso IP dos aparelhos portáteis e as redes sociais, fornecemos os nossos dados a quem os quiser utilizar, ou seja, a nossa vida passou a ser pública.

Felizmente vivemos numa democracia, pois caso contrário, os Serviços de Informações do Estado não teriam muita dificuldade em nos controlar, em nos subjugar, porque nós voluntariamente, querendo ou não, passámos a dar os nossos dados ou seja passámos a dar informação que se for mal utilizada, se pode virar contra nós, pois uma vez na net, nunca mais de lá sai.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva