Opinião

A Vacina e o Brexit

Começou a vacinação contra o Covid, quase em simultâneo em toda a União Europeia, porque houve três estados que, infelizmente, começaram um dia, nomeadamente a Alemanha, a Eslováquia e a Hungria, não respeitando o acordo de cavalheiros estabelecido entre os 27 Estados-membros de iniciarem todos no dia 27 de Dezembro.

Não se percebe a razão de ser desta atitude, desta quebra de compromisso, mas sendo um dos Estados-membros a Alemanha, nenhum dos outros ousa dizer nada, pois os alemães são a grande potência europeia, o motor da União.

Esta pequena mas importante atitude, em minha opinião, é um sinal premonitório do futuro da União Europeia sem o Reino Unido no seu seio, pois este servia de contrapoder, de fiel da balança à Alemanha. A sua oratória servia de contraditório à oratória alemã, e travava os impulsos federacionistas da União Europeia, uma vez que a posição francesa é normalmente muito cúmplice da alemã, muito unha com carne dos alemães, a eles raramente se opondo, uma espécie de relação dos irmãos Dupond e Dupond, personagens centrais das aventuras do Tintim.

O divórcio amigável, ora completamente consumado entre a UE e o Reino Unido, deixa um vazio na posição da frente Atlântica que este liderava, e que Portugal quase sempre comodamente secundada.

Termino citando um CEMGFA com quem trabalhei, que me relembrava sempre quando eu ia representar Portugal nas Reuniões do Conselho da União Europeia, “se não souberes qual é a posição portuguesa, apoia a do Reino Unido“. Na dúvida…

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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Nuno Pereira da Silva

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