Opinião

As ruínas do nosso descontentamento

O Centro histórico de Mafra precisa de reabilitação imediata.

A quantidade de casas devolutas no centro de Mafra, que emolduram o Real Edifício de Mafra é muito grande, desfeiando o ora Património da Humanidade, quais dentes podres numa boca sã.

Há vários anos que algumas casas em primeira linha, frente ao palácio, estão devolutas e eminentemente a caír o que transmite, a quem nos visita, uma sensação de descuido e abandono que muito pouco abona em favor da vila. Para além destas casas devolutas no
Terreiro D. João V, a maioria das casas do centro da Vila, onde está concentrado quase todo o comércio local, não são habitadas nos seus andares superiores, o que mais dia menos dia colocará em risco as lojas e os cafés existentes nos pisos inferiores.
Nas traseiras do terreiro do Terreiro D. João V, na segunda linha existe há décadas uma ruína, aparentemente em venda, que se me configura como o local ideal para haver uma ignição dum incêndio, sendo mesmo um local insano onde co-habitam dezenas de gatos, com o caraterístico cheiro nauseabundo das suas fezes, com um luxuriante matagal . Essa ruína marca o início dum pequeno bairro muito degradado, onde habitaram, “in ilo tempore”, alguns trabalhadores e famílias aquando da construção do Real Edifício de Mafra, facto que por si só deveria ser motivo de atração turística. Em qualquer lugar do mundo um pequeno bairro histórico com a sua apertada rua, estaria devidamente recuperado, sendo o local ideal por excelência para nele funcionarem restaurantes, bares e até mesmo existir algum alojamento local.
Para além destes edifícios sitos no coração da Vila de Mafra, existem muitos mais edifícios em ruínas e degradados espalhados um pouco por todo o Concelho, de que relevo a casa apalaçada sita na Estrada da Venda do Pinheiro para a Venda do Valador, em que nas suas traseiras foi construído um novo e excelente parque intermodal. Pena que tão bonito parque tenha um dente tão podre e degradado na sua frente.
É confrangedor que existam neste concelho tantas ruínas e casas devolutas e degradadas, e que os seus proprietários não sejam coercivamente obrigados a os reabilitar, ou mesmo a os vender a quem o queira fazer. Este problema que se arrasta há décadas, em minha opinião, só se resolve através do agravamento do IMI, assim como do eventual levantamento de contra-ordenações, vulgo multas, aos proprietários desses imóveis.
Para que a Vila de Mafra e o Concelho sejam dignos do seu património, classificado pela UNESCO como património da humanidade, é necessário fazer um esforço de reabilitação dos edifícios do seu centro e dos bairros históricos, devendo este forço ser liderado pela autarquia.
Mafra tem que ser mais que um palácio, uma Basílica, um convento, um jardim e uma tapada.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

Foto de Rui de Medeiros

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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