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À conversa com Joaquim Casado (1)

PRAZERES DA VIDA- 1

Se há coisas que me dão prazer é falar, trocar ideias, discutir, sorrir e rir à gargalhada com amigos, ou gente criativa e que goste de dialogar.

Foi ontem que tive a oportunidade de continuar conversas que ficaram no ar e que são importantes, embora nem sempre tenhamos tempo para “conversas de chacha” mas mesmo estas, podem enriquecer-nos, levar-nos longe, no meio de gargalhadas, divagando e até abandonando o stress.

Tive uma conversa longa, mas não cansativa, e a continuar com Joaquim Casado. Para quem não conhece, podemos dizer que é um ex-presidente da Junta de Freguesia da Ericeira, empresário de sucesso na hotelaria, com o maior número de camas na Ericeira logo a seguir ao Hotel Vila Galé, com alta qualidade e diferenciado pela inovação e decoração sui generis. Considerado e elogiado apenas pelos clientes como do melhor entre os melhores do mundo, mas ainda é muito esquecido por cá. Tem uma loja de mobiliário entre outros negócios, e um conjunto edificado que mantém, com um determinado estilo sempre de gosto discutível, sem meios termos, ou de amar ou odiar. Falámos de turismo, de como vai a política e o futuro da Vila da Ericeira.

Casado teve indiscutivelmente uma presidência de Junta que provavelmente nunca será ultrapassada em novas ideias, defesa do ambiente, inovação, limpeza e sobretudo no que foi o princípio do fim- despertar a inveja dos políticos e a chamar a atenção do mundo que ficou a saber que na Ericeira se faziam coisas extraordinárias.

Pagou 2000 euros de indemnização no tribunal a uma senhora queixosa de ver a sua foto no “Painel das más  condutas “ avisada que foi para não dar alimentação aos gatos das ribas, continuou a fazê-lo e ficou ao lado daqueles que foram fotografados, a não limparem os dejectos na via pública dos seus cães, etc.  Foi multado pelas finanças por aproveitar o óleo de fritar já utilizado e velho, que a Junta levantava dos restaurantes, para fazer gasóleo para ser utilizado nas viaturas da Junta de Freguesia. Fez-me levantar cedíssimo para assistir em Lisboa a uma conferência sobre a sua presidência na TEDex que ficou na história com a sala cheia a aplaudir de pé… Ganhou prémios, menções honrosas, destaques na televisão nos jornais, etc. São inúmeras as venturas desta figura simples, sem vaidades, mas que não se esquece das “figuras gradas” que o abandonaram, e pelos “companheiros de route” que o atraiçoaram pelo poder, pelas rasteiras da politica, pela falta de nível dos políticos esquecidos, e pela revolução que necessária vai acontecendo sem ninguém se ralar ou aproveitar para melhorar seja o que for …num simples passo ou ideia…apenas nada!

Um dos pilares da conversa sobre a antiga maneira e ainda presente de governar, em que as Juntas de freguesia estão sempre dependentes da Câmara – Situação errada, naturalmente, e ninguém resolve.

Um candidato a uma Junta de Freguesia promete na sua Campanha o que quer que seja, depois de eleito, que talvez seja o mais fácil, pois em qualquer freguesia neste momento o mais provável é um independente com apoios locais ganhar.

E com grande vantagem, sempre e radicalmente a qualquer elemento partidário, mesmo que seja um clássico, desde que apresente um programa credível e com uma boa equipa de trabalho a bem da sua Freguesia.

Mas o problema vem depois, e muitos independentes já perceberam e não avançam, pois, a máquina partidária do presidente da Câmara pode não deixar fazer, quer não dando apoios, quer cortando verbas. Logo, em vez do presidente da Câmara ouvir as Juntas e aceitar os seus programas face ao desenvolvimento local, apresenta ao contrário, com o seu executivo as suas regras. Os presidentes de Junta foram eleitos tal como o presidente da câmara, e não para estarem subjugados a um qualquer vereador, que até pode não ter sido eleito. O que se traduz numa contra natura democrática.

Outro tópico que Joaquim Casado é acérrimo defensor, e que concordamos face aos argumentos, é que a câmara e o governo, deve dar liberdade ao comércio e industria e nunca os substituir. Deve utilizar verbas para capitalizar as obras públicas e deixar a partir daí, fluir os negócios privados, para que todos os projectos sejam auto-sustentáveis com a captação própria de verbas. Coisa que não se vê fazer num único projecto.

Ao correr da conversa e sem querer, muda-se a agulha e fala-se na formação e na sua ausência. De algo onde se aprenda, com os profissionais que podem servir de exemplo, ou  de local para uma formação de excelência que precisamos já, agora e no futuro com o risco que sem formação não existe futuro mesmo no turismo.

A antiga Escola primária que poderia ser um “Centro/escola de artes e ofícios”, foi transformada em “Business Factory” uma maneira mais sofisticada na mesma vertente, mas que não substitui, nem complementa as necessidades práticas mínimas do comércio local.

Temos de concluir que necessitamos de turismo de qualidade e não generalizar para o turismo de “pé descalço”. O futuro não está nas dormidas abaixo de 20 euros e nos menus completos a 6 euros… E por tal facto, também teremos de ter presente – quem pode pagar tem de ser bem servido.

 Em 90% dos cafés e restaurantes o pessoal não sabe bem servir e anda quilómetros sem ter necessidade. Uma verdade que dói e ninguém liga. Ou finge que não vê.

Quer se recorra a brasileiros (que pelo menos são alegres) ou gente de Leste – não sabem.

Se numa mesa estiver um idoso, uma mulher grávida, duas crianças e um homem de cinquenta anos – quem se serve primeiro? Eis uma pergunta de almanaque, só por falar, mas que ilustra bem o cerimonial que um empregado, que quer ser bem pago, não pode ignorar.

E a Vila da Ericeira que se quer numa plataforma de serviços de excelência não pode esquecer a formação. A higiene, a apresentação do empregado, a imagem, as mesas, as cadeiras, o serviço, o empratar ou as travessas, os copos, os guardanapos, etc.

E o mais assustador é que hoje, neste momento, já não há pessoal, mesmo incapaz …então e amanhã?

Ninguém se preocupa? E o inglês, o francês, as línguas nórdicas? E o serviço de saúde 24h? E os transportes? E o estacionamento?

Soluções estas que têm de ser imediatas e não a projectar fazer daqui a alguns anos…Não.

Têm de ser já.

E deveria ser matéria para as Juntas de Freguesia e para a Câmara resolverem com uma Associação de comerciantes, etc. E porque não o povo?

Apostar na diferença e a colaboração das entidades, foi outro tema quente da nossa conversa- Um comerciante é visto como um inimigo e um pagador de tudo, até impostos, licenças, requerimentos, ramais da electricidade e da água, tudo, etc. Não deveria pagar nada se der empregos.

Deveria ser ajudado e aconselhado pelas entidades oficiais a começar pela câmara e a não a ser tratado por um fora da lei, bandido a abater… Depois, e nesse aconselhamento, ser premiado e destacado nos meios que a Câmara publica, pelo desempenho e pela diferença da sua oferta.

Os eleitos não servem só para cobrar, mas para servir. Questão sempre esquecida.

Ainda a conversa ia a meio já a hora de jantar reclamava o regresso a casa…Havemos de levantar estas questões e outras mais em mais conversas construtivas… que nos devem preocupar…ainda por cima com eleições à porta.

Crónica de Helder Martins


Não se revelam interesses particulares, nomes ou revelações privadas , apenas generalidades e à livre interpretação da conversa sem gravação. Podia haver diálogo. Houve mas condensei o mais importante generalizando. Foi conversa de amigos sobre coisas da nossa terra.

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