Opinião

A China a caminho de se tornar uma superpotência?

Sempre que escrevo uma crónica sobre os EUA e sobre Trump, perguntam-me em comentários pela China e fazem considerações sobre o país, pelo que hoje resolvi escrever uma pequena crónica sobre a República Popular da China que, desde a grande marcha de Mão Tse Tung adotou um regime autocrático, comunista e opressivo dos direitos dos seus cidadãos, não sendo um estado de direito nem respeitador dos mais elementares direitos consignados na Carta dos direitos Humanos.

A China é atualmente, no entanto, graças a Deng Chiao Ping, um país onde paradoxalmente coabitam uma ideologia comunista com um sistema capitalista facto que, é algo ininteligível para a Civilização Ocidental mas que parece funcionar na Civilização milenar Chinesa, em tudo diferente da nossa, sendo o Confucionismo e o Budismo a alma dessa civilização.

A China foi designada no passado como o Império do Meio, com capital em Pequim. O coração do Império era defendido pela muralha da China e por uma imensidão de povos e nações exteriores à muralha que, foram sucessivamente conquistados para servirem de tampão, por forma a que a sua capital fosse sempre preservada e tivesse capacidade de se defender em profundidade.

A China hoje é a segunda maior economia do Mundo e em termos estratégicos pretende recuperar Taiwan e dominar o mar da China tendo para o efeito nele já construído várias Ilhas artificiais e disputa a soberania de várias das Ilhas, nele existentes, com o Japão.

Em termos estratégicos a China pretende ainda construir uma grande estrada que, seguindo a antiga rota da seda, nela tenha início e termine em Lisboa e concomitantemente estabelecer bases navais espalhadas em vários países Africanos, seguindo a antiga rota de Vasco da Gama, acabando também em Lisboa. Esta estratégia definida por Xi Jin Ping é denominada por one belt one road.

Até à presente data tem utilizado para concretizar estes objetivos estratégicos, o seu poder económico e financeiro, tirando partido do sistema financeiro criado pós II Guerra Mundial, comprando dívida pública, empresas estratégicas em vários países do mundo inclusive nos EUA, cooperando no desenvolvimento dalgumas estruturas em vários Estados Africanos e construindo ou controlando as principais estruturas portuárias, na rota do Vasco da Gama, em África, tendo inclusive querido, sem sucesso, num passado recente, alargar e controlar o Porto Comercial da Praia da Vitória, em Angra do Heroísmo nos Açores.

Para além disto financia e incentiva os seus cidadãos a saírem do país e estabelecerem-se por todo o mundo, com estruturas comerciais, que vendem os seus produtos, contribuindo para o desenvolvimento do PIB Chinês.

Se para estabelecerem o seu império, com nações tampão à volta de Pequim utilizaram o seu poderio militar no passado e mantêm-no à força de repressão policial, atualmente não o têm feito, embora recentemente, pareça terem estabelecido uma relação especial com a Rússia no domínio militar e adquirido Capacidades Militares de terceira geração, possuindo capacidade Tecnológica e Industrial própria para as desenvolverem se necessário.

Como diria Bismark, na Europa do equilíbrio dos poderes do século XIX, se há duas ou mais potências, tenta ser a única. Se és a única tenta manter-te. Tendo este pensamento em vista Obama, quis sair dos conflitos no Médio Oriente para se concentrar na Região da Ásia -Pacífico e estabeleceu acordos com a maioria dos Estados da região para isolar a China, acordos que Trump unilateralmente rasgou, preferindo abraçar uma política de insanas sanções económicas.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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